Plutão, como Omolu, Obaluaê, Abaluaé, São Lázaro

Omolu é um orixá maior no olimpo ioruba. É a entidade que se manifesta com mais distanciamento e seriedade. Ela é rigorosa, brava, austera. Castiga com rigor a quem o desobedece ou ofende.

Quando aparece bravo, há de se temer, pois alguma tragédia pode estar por acontecer. Por outro lado, quando adorado e louvado sua ação miraculosa no âmbito médico-divino, pode curar epidemias, enfermidades contagiosas tais como a lepra, as venéreas: AIDS, sífilis, assim como doenças nos órgãos sexuais, as extremidades inferiores e a pele.

Em Cuba, é o orixá mais cultuado, em sincretismo com São Lázaro. Na maioria das casas do povo religioso, se ostenta com orgulho santuários com grandes esculturas de São Lázaro.


Omolu é também o Senhor dos mortos.

texto de Caetano de Oxossi:

"Omolu/Obaluaê é o Orixá responsável, o Orixá regente das reencarnações, é a força divina que preside o desprendimento do espírito do corpo material sem vida, e, por conseguinte a força divina que liga o espírito no corpo material. Desta forma, no desencarne e no reencarne temos a força de Omolu/Obaluaê atuando em nós.

Senhor das Almas, Omolu/Obaluaê tem regência no campo santo, ou seja, nos cemitérios, e também nos locais similares, isto é, nos locais onde culturalmente se depositam os mortos, como crematórios, mares, rios, cavernas, etc.

Omolu/Obaluaê também é conhecido como o médico dos pobres, uma vez que é o Orixá da peste e da cura da peste, é esta emanação de Deus que possibilita a transmutação de um estado doentio em um estado saudável, é nesta corrente divina que os espíritos podem trabalhar na busca de materialização e desmaterialização para a cura do corpo físico. Por ser o senhor da Morte, ele detém o poder da vida, e assim atua no mundo material também na cura das doenças.

Este Orixá tem como elemento o fogo e a terra, ou a terra flamejante, a lava. Pois ao mesmo tempo em que molda com a terra, destrói ou forja com o fogo. E por isto é o Senhor da Transformação. Para entendermos essa força transformadora, um bom meio é observarmos a pipoca. A semente de milho de pipoca é dura, não serve para comermos, é feia, acanhada, mas basta colocarmos o fogo para transformarmos este semente dura, em um alimento rico, cheio de beleza. Ao estourar a pipoca simbolizamos a força transformadora de Omolu/Obaluaê. O poder de mudar de transformar algo que não tem serventia em algo que encanta. Não é por acaso que a pipoca é um dos pratos ofertados a este Orixá.

Omolu/Obaluaê é um Orixá misterioso, guarda muitos segredos, sua representação coberto de palha da costa, não é apenas uma forma de esconder suas feridas, mito contado na tradição yorubá (nagô), mas o símbolo de alguém que tem o que esconder, algo que não pode ser revelado a qualquer um.

Muitas músicas populares fazem referência a este Orixá, mas quero destacar a música Minha Fé, cantada por Zeca Pagodinho, (https://youtu.be/fl4sSBjHQJ0 ) em que no meio da música entoa: “Nas mandingas que a gente não crê, mil coisas que a gente não vê, valei-me meu Pai Atotô Obaluaê, valei-me meu Pai Atotô Obaluaê.”

Ou seja, nos mistérios da vida, em tantas coisas que não acreditamos, mas temos medo, valei-me meu Pai, proteja-me Obaluaê, abençoa-me Omolu.

Sua cor na Umbanda retrata esta força: o branco e o preto. O branco o espectro  luminoso da união de várias cores, representando a pureza, a fé divina, o que ainda pode ser preenchido, e o preto que representa a força que suga, que atrai energias. Ou seja, com uma mão Ele suga as energias que precisam ser modificadas, que nos atrapalham e com a outra Ele nos enche de fé, de pureza e de energias positivas.

Por estas razões que os Pretos-Velhos têm ligação tão íntima com a representação de Deus que chamamos Omolu/Obaluaê. Senhores ancestrais que representam as almas que já fizeram a passagem, os pretos-velhos já vivenciaram tudo o que hoje estamos passando, os Pretos-Velhos, utilizam as energias deste Orixá todo o tempo. Muitas casas saúdam os Pretos-Velhos com “adorei as Almas”, Omolu/Obaluaê é o Senhor de todas as almas.

Também encontraremos nestas explicações todos os motivos que podem justificar a proximidade e a ligação umbilical entre os Exus e Pombagiras com o Senhor Omolu/Obaluaê. Senhor do campo santo, transformador, detentor do poder de conduzir as almas, senhor das reencarnações, Omolu/Obaluaê cedem aos Exus e Pombagiras as energias tão necessárias para os seu trabalhos. Não existe nenhum Exu ou Pombagira que não use as energias de Omolu/Obaluaê de forma constante.

Assim contemplar esta força, esta energia é algo grandioso e sem esta face de Deus eu entendo que não posso compreender a Umbanda, aliás sequer posso compreender a mim mesmo. Por isso eu tenho a convicção de que Omolu/Obaluaê é um Orixá, e como Orixá é tratado, cultuado e reverenciado em nossa casa.

A saudação a Omolu/Obaluaê é Atotô! Atotô Sr. Omolu/Obaluaê. Que tem o significado de silêncio, o senhor Omolu está aqui. Um sinal de respeito, e de que todos os presentes devem observar a sabedoria e força divina deste Orixá.

Seu dia é a Segunda-feira.

Pode-se ofertar a Omolu/Obaluaê: pipoca estourada (de preferência estourar a pipoca em panela de barro com areia do mar, sem usar sal ou óleo), amendoim torrado, flores brancas (margaridas), água mineral, farofa de mandioca com banana-da-terra (feita no fogo em panela de barro usando-se mel para adoçar).

Saravá meu pai Omolu
Saravá meu Pai Obaluaê
Atotô!" (Caetano de Oxossi)

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